Nos últimos dois anos, empresas e profissionais de todo o mundo precisaram se adequar a uma nova realidade, e até mesmo os setores mais tradicionais tiveram que rapidamente responder frente aos últimos acontecimentos globais. Para além da pandemia, o mercado imobiliário já vinha sofrendo mudanças com a chegada de grandes players, como QuintoAndar e Loft, que acirrou a competição e deu a largada para digitalização.
Ainda, com protocolos de lockdown, inflação, guerra entre Rússia e Ucrânia e toda a instabilidade econômica global que tem elevado as taxas de juros, o mercado Imobiliário no Brasil tem surpreendido e demonstrado maturidade e confirma que evoluiu nestes anos, o que levaria quase uma década para acontecer.
Neste bate-papo, o CEO da Ideal Negócios, Mário Otávio, conversa conosco acerca das mudanças tecnológicas do mercado e como o cenário econômico tem afetado as imobiliárias agora e no futuro. Mário atua desde 2003 no mercado imobiliário e é especialista em Gestão e Automação de Processos de Marketing e Vendas.
Como você enxerga a tecnologia no mercado imobiliário?
Eu acredito que hoje todos entendem que a tecnologia não veio para substituir o corretor de imóveis, e sim como uma ferramenta que facilita o dia a dia e o trabalho. Precisamos dela tanto na operação como mercado, quanto como corretor.
Com a adoção da plataforma Imobzi, o que mudou no dia-a-dia?
Eu sou muito suspeito para falar, pois gosto muito da Imobzi. Durante esses 15 anos de empresa a Imobzi tem sido fundamental para o crescimento da minha imobiliária. Com a API eu consegui automatizar vários processos junto aos clientes e isso melhorou exponencialmente os nossos resultados. Hoje, eu vejo a Imobzi como parceira principal do meu negócio e como um fator essencial para o nosso sucesso.
O maior desafio foi treinar os corretores a utilizar a plataforma para aproveitarmos a maior variedade de recursos possíveis, pois nem sempre eles conhecem tudo que a ferramenta tem para oferecer. Um exemplo, foi adotar os funis de vendas. Hoje, nós conseguimos ter uma visão mais ampla do andamento das negociações e podemos observar em qual etapa da venda o lead está, para assim fazer campanhas mais direcionadas para o perfil dele.
Ainda com relação a tecnologia, quais os pontos-chave vocês têm focado? Como a Ideal tem se preparado?
Reforço o que respondi acima: treinamento e capacitação, essa tem sido a cultura da nossa empresa, estamos treinando e capacitando todos, desde a recepção até os diretores de vendas. Além disso, em uma era digital, nós fazemos muitas campanhas de marketing e investimos em redes sociais para atrair mais clientes. Mas no final de tudo, acredito que o segredo seja mesmo a automatização dos processos e muito treinamento.
Como você enxerga o mercado imobiliário brasileiro atualmente?
As minhas expectativas para o mercado imobiliário são boas, mesmo com a chegada da pandemia, o mercado conseguiu crescer. Ele aqueceu muito, principalmente para venda dos terrenos, condomínios fechados e casas, então foi um período bom. Nós passamos por ele e aprendemos a fazer mais com menos, utilizar os processos e a digitalizar cada vez mais. Sinto que amadurecemos. Eu acredito que agora precisamos ampliar essa digitalização e a estratégia de automatizações, pois investindo na tecnologia acredito que podemos prosperar mais.
“Treinamento e capacitação, essa tem sido a cultura da nossa empresa, estamos treinando e capacitando todos, desde a recepção até os diretores de vendas”
Você acredita que o mercado imobiliário brasileiro tem alguma desvantagem em relação ao de outros países?
Eu vejo que a velocidade para aprovação dos projetos é um problema, pois o Brasil é um país muito burocrático, então tudo aqui é muito lento para começar a ser feito, já no exterior, citando os EUA por exemplo, as coisas acontecem mais rápido. Às vezes nós acabamos perdendo o timing, o investidor perde até mesmo o interesse, e no exterior isso não acontece, pois os processos são menos burocráticos.
Nesses últimos meses, o Banco Central vem aumentando a taxa básica de juros como medida para conter a inflação. Sabemos que isso afeta diretamente o mercado imobiliário. Como você tem sentido essas altas?
A alta na Selic não é uma novidade, antes da pandemia o mercado imobiliário estava vivendo em um período em que a Selic estava alcançando mais de 14%, ou seja, nós passamos por isso faz pouco tempo, o que acontece é que o brasileiro tem memória de curto prazo, a gente só lembra de quando a Selic caiu e fomentou o mercado. Eu acredito que aquela migração de capital que houve no passado, não vai voltar, visto que quando a Selic chegou em 2% os investidores estavam vendendo seus imóveis para aplicar esses valores na bolsa ou em ações. No entanto, observando o cenário atual, minhas expectativas são de estabilidade para os próximos anos, creio que os investidores manterão o capital híbrido, ou seja, parte em renda fixa e parte nos imóveis, porque durante a pandemia aqueles que investiram somente em ações presenciaram um impacto negativo quando elas caíram e consequentemente perderam dinheiro.
Qual conselho você daria para uma pessoa que deseja comprar um imóvel nos próximos meses e se assusta com a alta taxa de juros?
Para aqueles que querem comprar um imóvel, a dica é simples: aproveite enquanto a taxa Selic está alta, e o mercado desacelerado, pois este é o melhor momento para negociação, logo você tem a vantagem de comprar o imóvel com o preço menor, mesmo com a Selic mais elevada, e depois, quando ela cair novamente você consegue fazer a portabilidade/negociação da taxa de juros do seu financiamento.
“Aos corretores meu apelo é de que precisamos de mais união, para conseguir gerar mais negócios, porque as grandes empresas estão ganhando espaço no mercado e somente unidos poderemos enfrentar essa concorrência”.
Pra gente encerrar, como você enxerga o futuro dos profissionais do mercado imobiliário frente a chegada de grandes players, digitalização e os desafios econômicos que estamos sofrendo?
Eu acredito que no futuro teremos profissionais mais unidos e qualificados, pois ninguém consegue conquistar nada sozinho, é uma questão de sobrevivência. Precisamos ter uma classe de corretores que se integram com a comunidade para fazer parcerias e gerar cada vez mais trocas de negócios e de experiências, porque só vamos conseguir vencer qualquer desafio se estivermos juntos.